Dos inventos insrumentais
primitivos, a música eletrônica pôde ser pensada e, na era digital e da
informação, se desenvolveu como um fenômeno sem fronteiras.
Por Anna Karenina
A partir da década de 80, a
música eletrônica, ou e-music, muito se difundiu e popularizou no mundo. Antes
que o fenômeno pudesse chegar às pistas de dança, e se tornar estudo e conteúdo
de muitos produtores musicais, a “Electronische Musik” percorreu um longo
percurso. Foi quando o então vendedor de livros, bibliotecário e impressor
francês, Leon Scott, foi o pioneiro a inventar o esboço do fonógrafo, o mais
antigo dispositivo de gravação de som que se tem notícia, em 1857. Scott nunca
poderia imaginar que suas primeiras impressões de som em cilindros revestidos
de carbono, pudessem desencadear o primeiro passo para a formação da música
eletrônica.
Toda música criada por meio de
aparelhos e instrumentos eletrônicos é considerada eletrônica, que pode ser
modificada por equipamentos, sintetizadores, gravadores digitais, computadores e
softweres de composição. Da música erudita à elemento de cultura popular, a
e-music teve relação com o rock e o jazz até que se diferisse como gênero
musical independente, de variadas ramificações e estilos.
Só foi após a Segunda Guerra
Mundial e o desenvolvimento tecnológico e das comunicações, que o gênero tomou
forma e princípios, através das invenções e experimentos de aparelhos e dos
estudos de franceses, pioneiros a fazer mixagens, na chamada “música concreta”.
Que parte
da gravação e transformação em estúdio de objetos sonoros (do ambiente e
instrumentos musicais) sem a utilização de instrumentos eletrônicos. Somente em
conjunto com os estudos alemães, numa estrutura mais universal, que foram permitidas
as experiências musicais de som eletrônico. Aqui se desenha o então nascimento,
em 1966, da e-music.
Desde 1950 que os estudos sobre o gênero se
expandiram, também em países como o Japão, Suíça, Itália e Polônia, no tempo em
que a era dos sintetizadores deslanchava. Com a difusão, a cultura popular
adotou a ideia, sendo a e-music tema no seriado televisivo Doctor Who em 1963, assim como diversos artistas, grupos e rádios utilizaram
o som dos sintetizadores, como em bandas, os Beatles, The Silver Apples e Pink
Floyd, por exemplo.
Em seguida, na década de 70, a banda alemã
Kraftwerk, (em alemão, usina de energia), revolucionaram o estilo com a música
techno totalmente produzida por sintetizadores. Fundada por Florian Schneider e
Ralf Hunter, a Krafwerk favoreceu a expansão da e-music, sendo os principais
precursores do estilo techno, eletro e a dance music em geral. Eles usaram a
eletrônica e a robótica como forma de simbolizar a alienação do mundo acerca da
tecnologia, além de outras letras revelarem a celebração e alertas sobre o
mundo moderno. Em 72, vários pianistas de Jazz, como Herbie Hancock e Chick
Corea, usaram os sintetizadores em gravações de jazz fusion. A música disco
ganhou destaque, com auge entre 77 e 79, assim como a música dançante se firmou
em 80, com ramificações como o trance, o techno e o house.
A partir dessa época, com os computadores
pessoais e samplers, que a música eletrônica passou a ser bastante produzida. Tecnologias
como o MIDI, um protocolo de comunicação musical, contribuiu e muito para a
composição da música industrial, que vários grupos começaram a fazer. Nesse contexto,
a cultura das raves se desenvolveu e os DJS começaram a produzir e reproduzir
som.
Linhagem do Detroit e o eletro, uma forma de
hip hop, surgiu, mas a grande influência de novos estilos como o house,
ascenderam a partir do ano 2000, sobrepondo-se sobre os demais por sua aceitação
mercadológica como notável fenômeno musical.
De sangue
brasileiro, foi o compositor Reginaldo de Carvalho, que em Paris compôs, em
1956, as primeiras obras eletroacústicas do Brasil, que de volta ao seu país,
dirigiu, no Rio de Janeiro, o Instituto Villa-Lobos, grande centro de pesquisa
e divulgação da música experimental. Foi a partir daí que Jorge Antunes encontrou
espaço para desenvolver suas pesquisas em música eletrônica, compondo a “Pequena
Peça para Mi Bequadro e Harmônicos”, de 1961 e “Valsa Sideral”, de 62, as
primeiras peças brasileiras realizadas com sons eletrônicos.
Para conhecer
os diversos estilos da e-music, acesse e ouça:
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