terça-feira, 29 de maio de 2012

VIII Olímpiada das APAES da Bahia será em Ilhéus

Ilhéus sediará um grande evento esportivo da Federação Estadual das APAES da Bahia, e reunirá mais de 300 atletas de 15 municípios.

Por Anna Vieira_annakvieira@yahoo.com.br

De 14 a 17 de junho de 2012, acontecerá a VIII Olimpíada das APAES do Estado da Bahia, sediada no município de Ilhéus, pela APAE de Ilhéus. O evento conta com o apoio e braços dados de representações da sociedade ilheense, mobilizadas para esse acontecimento de grande relevância esportiva e social. O evento vai receber cerca de 300 atletas para seletiva da   XX Olímpiada Nacional das Apaes, que será realizada em Maringá–PR, de 5 a 10 de novembro.
A Olimpíada se iniciará com o desfile, às 18 horas, da Praça Castro Alves ao Ginásio de Esportes Herval Soledade, onde acontecerá a abertura oficial do evento, tendo como Mestre de Cerimônia Dr. Josevandro Nascimento, apresentação do Hino Nacional com Chica de Cidra e Dante Valadares, além das apresentações de dança dos alunos da APAE, com a Profa. Vitória Penalva e dos cantores ilheenses Keketa e Anne de Cidra.
Entreas modalidades de participação, incluem-se o atletismo, capoeira, futebol, judô, handebol, natação, futsal.  De promoção à cidadania e inclusão, a Olimpíada tem por objetivo a participação, integração e desenvolvimento esportivo dos alunos. No evento 15 delegações das APAES de municípios baianos estarão presentes, como as delegações de Camaçari, Canavieiras, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ilhéus, Itabuna, Jequié, Juazeiro, Paulo Afonso, Salvador, Santa Maria da Vitória, São Francisco do Conde, Valente e Vitória da Conquista.
Os organizadores do evento, Presidente da Federação Estadual das APAES da Bahia, Derval Freire, a Presidente da APAE de Ilhéus, Socorro Pastor, o Coordenador de Esportes da Federação das APAES da Bahia, Sílvio Roberto Santos, o Coordenador Técnico da APAE de Feira de Santana, Deraldo Azevedo, representantes do poder público municipal, de Faculdades e Universidades de Ilhéus e a parceira e Consultora das APAES Maraísa Pereira, estiveram reunidos nas semanas passadas, para definir os últimos detalhes para esta realização.
Para a Presidente da APAE de Ilhéus e também organizadora da Olimpíada, Socorro Pastor, “Ilhéus mostra que a inclusão pode sair do papel e se tornar uma realidade, porque temos no esporte a grande força para a inclusão. É preciso que nos unamos para fazer valer os direitos das pessoas com deficiência intelectual e múltipla. Sem dúvidas, o fato de Ilhéus sediar a VIII Olimpíada das APAES do Estado da Bahia, é de suma importância, porque a sociedade ilheense é quem está como parceira nessa promoção de cidadania e respeito à diversidade, juntamente com o movimento APAEANO”.

Muitas representações da sociedade civil estão mobilizadas para promover esta realização. A Federação Estadual das APAES da Bahia e a Presidência da APAE de Ilhéus agradecem aos apoiadores:
Coordenação do Projeto Paraolimpíco da UESC, professora Dra. Joslei; SESI, Nelson Simões, grande parceiro da APAE, pessoa que conseguiu o patrocínio da SUDESB; M21, nas pessoas de Marco Lessa e Diana Sodré, responsáveis pela publicidade da VIII Olimpíada e criação da logomarca; ao amigo e parceiro, Mestre de Cerimonia da APAE de Ilhéus, Dr. Josevandro Nascimento; Rotary Jorge Amado, na pessoa da Presidente Rita; Maçonaria Vigilância e Resistência, na pessoa do Venerável Ivanilton Lima; a Conselheira Lolô Mendonça; aoamigo Conselheiro Dr. Luís Carlos Santos; ao amigo Jorge Carillo; a Fanfarra do Colégio Paulo Américo; a Polícia Militar, muito especialmente ao Major Perdiz e Capitão Vasco; aos funcionários da APAE de Ilhéus; a Secretária de Educação do Município, Profa. Lidiney; CICON Construtora, na pessoa de Roque Lemos, parceiro de todas as horas; a jornalista Anna Karenina na Assessoria de Comunicação; a meu amigo irmão Diretor Financeiro da APAE, Dr. Cláudio Nepomuceno; ao Coordenador do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ilhéus, Sr. Robson Vidal; ao Instituto N. Sra. da Piedade, na pessoa da Reverendíssima Irmã Georgina; ao médico, amigo e Conselheiro da APAE de Ilhéus, Antônio Carlos Rabat; a amiga irmã Chica de Cidra; aos amigos Keketa e Dante Valadares; a minha afilhada Anne de Cidra; a Gil Lucas; a Nina Flor, na pessoa de Fifa; a Menezes e Filho, na pessoa do meu amigo Libério Menezes Filho; a BACK DOOR, na pessoa de Ademar Argolo; ao Clube Social de Ilhéus, na pessoa de Albertinho Pessoa; a meu parceiro sempre presente Serginho Mendes; a Tony e Elaine do Buffet Júbilo; ao  amigo Alberto Kruschewsky, Superintendente de Esportes do Município de Ilhéus; ao grupo de Capoeira Negra Raiz, na pessoa do Professor Rafael Gomes;  a Rodrigo Paiva, sempre parceiro, da BLOCOLAR; a nossa  amiga Gildelina Reis, do Colégio Status; aos jovens engajados na inclusão social dos APAEANOS, Toninho Lavigne, Tárcio Veiga, Lukas Paiva e outros; a imprensa e comunicadores; à DIREC 6, Profa. Ana Maria; à Vidamedi,  Dr. Roland Lavigne; à Menezes e Filho, Libério Menezes Filho,  ao parceiro Serginho Mendes; a  Antônio Cavalcanti, nosso sempre grande parceiro ; a Sérgio Toledo, Marilene, Vanderley Rigathieri grandes parceiros e amigos, da LIVITECH, as mães e alunos da APAE de Ilhéus por acreditarem e darem força para que esta Olimpíada aconteça; ao parceiro inseparável Arivaldo Diamantaras; a todos os voluntários, e ao apoio maior de DEUS, “que nos dá fé, garra, esperança, e a bênção de encontrar pessoas que respeitam a diversidade e o diferente, e que conseguem enxergar que todos temos as nossas limitações. Apesar de todas as dificuldades, encontramos pessoas como as acima nominadas, que nos dão a certeza de que vale a pena acreditar no ser humano, e que quando queremos, podemos “ousar com competência”, destacou Socorro Pastor.
Queremos uma igualdade que reconheça as diferenças, e uma diferença que não produza desigualdade (Prof. Boaventura Santos).

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Artigo de opinião - Porto Sul, uma catástrofe

Ilhéus oferece muito mais do que se possa imaginar. Oferece tanto, que há alguns anos se tornou a galinha dos ovos de ouro de muitos investidores de países estrangeiros, como o Uzbequistão, Países Árabes, Índia, China... Financeiramente falando, é daí que se inicia a origem da empresa responsável para a implantação do complexo intermodal, que compreende o Porto Sul.
Somos pertencentes a uma terra muito rica, não só em minério, mas em cultura, em um povo que tem suas tradições, origens e raízes, e embora não reconhecidos, preservam sua integridade dentro de suas comunidades. Infelizmente estas são desassistidas pelo poder público, um Estado inerte de negligência e apatia, corrupto e ladrão. Em se tratando de política, infelizmente Ilhéus há muitos anos, assim como Itabuna, realmente não oferecem nada. Penso que algumas pessoas daqui, por muitos anos, se alimentaram e se alimentam de ego, poder, vaidade, arrogância, prepotência e egoísmo, e querem subjugar uma geração inteira prostrada aos pés de quem lhe oprime. O Porto Sul é um grande exemplo disso.
Mas temos boas pessoas por aqui também, que têm enfrentado, questionado, debatido e combatido os gaviões de garras grandes e afiadas, para defender o que todo cidadão deveria fazer: proteger sua Mata Atlântica, lutar pela dignidade das sociedades aqui estabelecidas, cidadania, melhores condições de vida para o povo etc. Enquanto isso, a maioria vira o rosto e esquece que essa grande classe eleitoreira, o que chamam de castas C, D, E, F, até o ultimo grau da miséria, precisa de saúde, educação, transporte, trabalho, alimentação eficientes etc.
O fato é que Ilhéus não oferece infra estrutura para atender ao inchaço populacional caso esse empreendimento seja implantado, pois com o que já oferece, não atende nem a própria necessidade. O fato é que os danos serão muito maiores que os lucros, onde quem verdadeiramente vai lucrar sobrevoa em jatinhos, helicópteros, monitorando e demarcando suas áreas de exploração, sobreposto na miséria que dorme ao lado. Afinal, o que deixaremos para nossos filhos e netos? Será mesmo que a maioria das pessoas têm consciência do impacto social e ambiental que isso vai gerar? A custo de quem? A custo da sofreguidão e vida dos menores, que não têm voz e nem pátria.
Nem os próprios técnicos responsáveis pelo projeto, que dizem ser o caminho do desenvolvimento para a região, têm a real noção da transformação que um empreendimento desse porte pode gerar aqui.
Desenvolvimento? Que desenvolvimento é esse? Que acomete o aumento do número de famílias em vulnerabilidade social, sujeitas a prostituição, trabalho infantil, tráfico de drogas, aumento do risco de criminalidade, violência, escassez de saúde, sem leitos, sem hospitais...?
Inchaço urbano seguido de desmatamento, de áreas que preservam o patrimônio natural de nossa biodiversidade, da fauna e flora...? Conflito de terras, trânsito, tráfego de caminhões de carga pesada, espalhamento do pó de ferro tão prejudicial à saúde, lavagem dos resíduos químicos em nossas águas, comprometendo a qualidade dos peixes, da vida marinha, avanço em 80m do mar de um lado e recuo de 80m do outro, deslocamento de areia para amenizar esses danos e o extermínio dos fitoplanctos, algas responsáveis pela produção de Oxigênio, tão fundamentais para a minha, a sua e a respiração de todos. 
O planeta Terra é pequeno! Será que vão querer vir tomar banho em nossos litorais enquanto um grande navio descarrega as águas sujas que vieram da Índia, por exemplo? Para compensar o peso na embarcação? As pessoas estão considerando mesmo os riscos epidemiológicos? Quem vai pagar o hospital do indígena que é contaminado com materiais pesados, porque comeu um peixe poluído? Ou, quem vai salvar, por exemplo, a vida de seu filho, doente, de câncer? Quem vai arcar com o ônus disso tudo? É o Governo? É a União? É a Bamin? É o Banco Mundial? São os chineses? 
Uma banana! É sua vida e de sua família que vai pagar o preço enquanto eles enchem suas contas de dinheiro em meio a crise econômica mundial. Ufa, que bela folga no pescoço, não é?! Ninguém quer ficar com a corda no pescoço, mas o povo daqui tem que agüentar tudo! Querem que isso aqui volte a ser colônia de exploração. Mas isso aconteceu quando um dia essas terras, que eram colônia, foram doadas do rei português D. João III à Jorge Figuereido de Correia, em 26 de junho de 1534. E que só pôde ser ocupada pelo Capitão Mor Francisco Romero, em 1535, após acordo com os Tupinambás, fundando em 1536 a vila de São Jorge dos Ilhéos em meio a um tempo próspero. Mas hoje os tempos são outros! Presume-se uma democracia, o povo tem direito de participação e voz diante dos espaços públicos, tem o dever de fiscalizar as ações do governo e discutir em sua comunidade os rumos que estão sendo deliberados. Existe uma coisa chamada Participação nos Espaços Públicos e isso é um direito e dever de todos. Quem se omitir está sendo conivente com tudo o que for depois decidido. 
Não entendo o Porto Sul como desenvolvimento, ao contrário, é um grande retrocesso, deveria ser vetado, porque é como um crime na vida de milhares de pessoas. Se esse é o caminho do desenvolvimento, então é melhor que continuemos esquecidos no cenário nacional e internacional. Porque se for pra ser lembrado em troca da vida de várias gerações, de pessoas que pouco têm, e que são agredidas nos seus direitos, então é melhor que caiamos de uma só vez no esquecimento. Porque se sem Porto Sul já é uma miséria, mas que ainda subsiste a natureza e a vida natural do homem em contato com a terra e o mar, imagine com um projeto criminoso como esse! Nem mais direito de respirar ar limpo teremos! Vocês já pararam pra pensar nisso? Direito de respiração!!! É demais, não é? Pensem bem, desenvolvimento a todo custo, nem sempre vale a pena. Existe uma luz no fim do túnel, muito mais consistente e promissora: Chama-se Planejamento e Execução de Desenvolvimento Sustentável voltado para o Turismo.
O que me vem a mente é que não bastasse a Operação criminosa do Cruzeiro do Sul, vide documentário "O Nó: Ato Humano deliberado", de Dilson Araújo, para dizimar de uma vez por todas essa região inteira, vêm agora com o golpe de misericórdia, que este sim será fatal se a sociedade não tomar as rédeas e abrir a consciência para a realidade desse projeto. Uma realidade cruel, massacrante, desumana e egoísta.
O povo do Sul da Bahia precisa se manifestar e impedir que isso aconteça de qualquer modo. Precisa escolher melhor os seus representantes, ou então uma terra cheia de opróbrios é o que deixará de herança aos seus filhos.
Avante pela consciência! Acordem do sono profundo, ou então quando quiserem abrir os olhos, o pesadelo estará em seu ápice agonizante. Desperta desse sono, e olhem para os lados, existem famílias nas ruas passando fome, alguém precisa de sua ajuda. E se alguém precisa de sua ajuda, é porque você precisa se ajudar. Se ajude!
Existe uma coisa chamada Turismo Sustentável e Planejamento. Certamente uma política voltada para isso, com fiscalização e participação da sociedade na construção de um Planejamento Sustentável para o Turismo, vai render muito mais economicamente, onde todos os setores poderão ganhar se se aprimorarem em suas especialidades, fomentando a excelência na prestação de serviços. Da mulher rendeira ao alto empresário, todos poderão ser contemplados, porque todos voltados para o trabalho comum, todos ganham. Economicamente, essa macroestrutura será muito mais promissora do que um negócio que tem prazo de validade com consequências ambientais e sociais altamente catastróficas.
O que o povo do Sul da Bahia precisa, é acordar e querer pegar na enxada, trabalhar de verdade, e não ficar esperando cair no colo a salvação para seus problemas de uma hora pra outra, acreditar que um diaxo de Porco Sul vai levar alguém a algum lugar. Sabe o que o Porco Sul vai levar? Câncer, vida aquática contaminada com materiais químicos pesados, modificação da geografia natural, caos urbano e social, e o enriquecimento de um grupo fechado de pessoas. Acorda povo!



quinta-feira, 3 de maio de 2012

Música Eletrônica: cultura global. E local?


Com grande número de adeptos e presente no mundo todo, a e-music ainda é tímida em Ilhéus, mas pode ser conhecida em festas e através do som de bandas
Por Anna Karenina_ annakdeoliveira@gmail.com
A música eletrônica, dançante e pulsiva, pôde ganhar mais visibilidade, difusão e alcance, no início deste século, quando consolidou uma cultura própria e global, embora na década de 80 as discotecas já marcassem época de uma geração. Os meios de comunicação, com melhor desempenho tecnológico, como a internet, por exemplo, favoreceram e muito a expansão da e-music. Raves e festivais cristalizaram um estilo peculiar de ouvir e dançar a música. Esse tipo de produção firmou uma cultura no mundo e no Brasil, e, aos poucos, a Bahia, tão memorada pelo samba e a música popular brasileira, pôde experimentar outra realidade sonora. Em se tratando do público de Ilhéus e região, a música que é feita através de sintetizadores, só veio a ser conhecida muito recentemente, de uns cinco anos pra cá.
Para o Dee Jay Danley Dantas, residente em Ilhéus, quando questionado sobre a validade de criação musical da música eletrônica, “o pensamento de ser ou não uma criação, já foi superado. Porque através dos sintetizadores existe um processo físico de manipulação na mixagem, o que caracteriza a autoridade de produção artística”. Ele, baterista, DJ há três anos na região e estudioso da e-music, é integrante da banda grapiúna, Manzuá, onde vivencia a experimentação da música eletrônica em conjunto com a música instrumental. O grupo pode ser considerado invovador no Sul da Bahia, com a nova tendência de misturar a sonoridade entre as duas vertentes.  Como Dee Jay, puramente, têm tocado no estilo tech house, com influências marcantes do dub, rock'nroll e afrobeats, assim como também do house com influências do techno e dub. Em seu estilo de mixagem, a influência vem por meio dos delays e reverberes jamaicanos, assim como os afrobeats das percussões.
Aqui na Bahia podemos citar o “Universo Paralelo” como um grande festival de música eletrônica, que têm acontecido, pelo menos, nos últimos dez anos, geralmente em Ituberá. Em Ilhéus, podemos destacar as festas da Mansão Enjoy, onde a música eletrônica sempre têm estado presente, principalmente no estilo house.



Foto: Marcelo Sena. Dee Jay Danley Dantas mixando efeitos eletrônicos ao som da banda Manzuá, durante o Festival Cultural, em Guanambi-BA (abril/2012).

Levanta a Saia La Vem a Maré!


Movimento Feminino de Capoeira no Sul da Bahia é exemplo de expressão e resistência da cultura popular

Por Anna Karenina_annakdeoliveira@gmail.com

Praticada por muitos e ainda discriminada por alguns, a capoeira integra o patrimônio cultural brasileiro e, principalmente, baiano. A participação das mulheres nas rodas de capoeira, um dia, já foi tímida. Mas atualmente capoeiristas mulheres, de alguns grupos de Ilhéus e região, tomaram a iniciativa de formar o movimento feminino, dando vida ao “Levanta a Saia La Vem a Maré”, no final do ano passado, como meio de reunir as mulheres praticantes da capoeira e fomentar a arte.
Na Praça do Teatro Municipal, lá estavam elas reunidas, tocando berimbau, atabaque e pandeiro, dentro de uma bonita roda de capoeira regional, animadas entoavam as ladainhas, entre elas, as que rememoram o passado da resistência africana à escravidão. Com muita ginga no pé e samba de roda, o 1º Encontro do Movimento Feminino de Capoeira foi realizado em 20 de novembro de 2011. Dia que marca a Consciência Negra e representa a morte e resistência de Zumbi dos Palmares, líder quilombola que teve a cabeça cortada e exposta em Recife, no ano de 1695.
Esta é uma legítima manifestação cultural, com mais de trinta integrantes que acontece todo mês, e que já se expandiu de Ilhéus para municípios como Itabuna e Uruçuca, tendo encontros já realizados no presente ano. “Criamos o movimento para que a capoeira possa ser conhecida por mais mulheres, visando o estímulo da sua prática, conhecimento e valorização dessa cultura, que é raiz de nossas origens”, explica uma das representantes do movimento, a Contra Mestre de Capoeira do Grupo Nação Zumbi, Vânia Coruja.
O movimento tem se organizado e se fortalecido cada vez mais. Esse é um bom exemplo para demonstrar de como elas tem ocupado os espaços na sociedade e manifestado o legado da cultura pela mulher como agente social de transformação. Levanta a saia, lá vem a maré!


Dos primórdios aos dias atuais, a história da e-music


Dos inventos insrumentais primitivos, a música eletrônica pôde ser pensada e, na era digital e da informação, se desenvolveu como um fenômeno sem fronteiras.

Por Anna Karenina

A partir da década de 80, a música eletrônica, ou e-music, muito se difundiu e popularizou no mundo. Antes que o fenômeno pudesse chegar às pistas de dança, e se tornar estudo e conteúdo de muitos produtores musicais, a “Electronische Musik” percorreu um longo percurso. Foi quando o então vendedor de livros, bibliotecário e impressor francês, Leon Scott, foi o pioneiro a inventar o esboço do fonógrafo, o mais antigo dispositivo de gravação de som que se tem notícia, em 1857. Scott nunca poderia imaginar que suas primeiras impressões de som em cilindros revestidos de carbono, pudessem desencadear o primeiro passo para a formação da música eletrônica.
Toda música criada por meio de aparelhos e instrumentos eletrônicos é considerada eletrônica, que pode ser modificada por equipamentos, sintetizadores, gravadores digitais, computadores e softweres de composição. Da música erudita à elemento de cultura popular, a e-music teve relação com o rock e o jazz até que se diferisse como gênero musical independente, de variadas ramificações e estilos.
Só foi após a Segunda Guerra Mundial e o desenvolvimento tecnológico e das comunicações, que o gênero tomou forma e princípios, através das invenções e experimentos de aparelhos e dos estudos de franceses, pioneiros a fazer mixagens, na chamada “música concreta”. Que parte da gravação e transformação em estúdio de objetos sonoros (do ambiente e instrumentos musicais) sem a utilização de instrumentos eletrônicos. Somente em conjunto com os estudos alemães, numa estrutura mais universal, que foram permitidas as experiências musicais de som eletrônico. Aqui se desenha o então nascimento, em 1966, da e-music.
Desde 1950 que os estudos sobre o gênero se expandiram, também em países como o Japão, Suíça, Itália e Polônia, no tempo em que a era dos sintetizadores deslanchava. Com a difusão, a cultura popular adotou a ideia, sendo a e-music tema no seriado televisivo Doctor Who em 1963, assim como diversos artistas, grupos e rádios utilizaram o som dos sintetizadores, como em bandas, os Beatles, The Silver Apples e Pink Floyd, por exemplo.
Em seguida, na década de 70, a banda alemã Kraftwerk, (em alemão, usina de energia), revolucionaram o estilo com a música techno totalmente produzida por sintetizadores. Fundada por Florian Schneider e Ralf Hunter, a Krafwerk favoreceu a expansão da e-music, sendo os principais precursores do estilo techno, eletro e a dance music em geral. Eles usaram a eletrônica e a robótica como forma de simbolizar a alienação do mundo acerca da tecnologia, além de outras letras revelarem a celebração e alertas sobre o mundo moderno. Em 72, vários pianistas de Jazz, como Herbie Hancock e Chick Corea, usaram os sintetizadores em gravações de jazz fusion. A música disco ganhou destaque, com auge entre 77 e 79, assim como a música dançante se firmou em 80, com ramificações como o trance, o techno e o house.
A partir dessa época, com os computadores pessoais e samplers, que a música eletrônica passou a ser bastante produzida. Tecnologias como o MIDI, um protocolo de comunicação musical, contribuiu e muito para a composição da música industrial, que vários grupos começaram a fazer. Nesse contexto, a cultura das raves se desenvolveu e os DJS começaram a produzir e reproduzir som.
Linhagem do Detroit e o eletro, uma forma de hip hop, surgiu, mas a grande influência de novos estilos como o house, ascenderam a partir do ano 2000, sobrepondo-se sobre os demais por sua aceitação mercadológica como notável fenômeno musical.
De sangue brasileiro, foi o compositor Reginaldo de Carvalho, que em Paris compôs, em 1956, as primeiras obras eletroacústicas do Brasil, que de volta ao seu país, dirigiu, no Rio de Janeiro, o Instituto Villa-Lobos, grande centro de pesquisa e divulgação da música experimental. Foi a partir daí que Jorge Antunes encontrou espaço para desenvolver suas pesquisas em música eletrônica, compondo a “Pequena Peça para Mi Bequadro e Harmônicos”, de 1961 e “Valsa Sideral”, de 62, as primeiras peças brasileiras realizadas com sons eletrônicos.
Para conhecer os diversos estilos da e-music, acesse e ouça:

O princípio e a evolução da Música Eletrônica

1857 – Leon Scott pioneiro a gravar impressões de som em cilindros revestidos em carbono, um esboço do fonógrafo


1878 – Thomas Edson, inventor da luz, patenteou o fonógrafo (aparato capaz de reproduzir sons gravados)


1897 – Emile Berliner desenvolve o fonógrafo em disco; Thaddeus Cahill  inventa o dinamofone ou telarmónio (dínamo electro ligado a indutores electromagnéticos produz diferentes frequências sonoras, comandados por teclado e painel de controle, difundido por linha telefônica com terminais de amplificadores acústicos. Sintetizava som com timbres desejados sobrepostos por parciais harmônicos).


1918 – Invenção do Teremim, instrumento criado por Théremín, com dois detectores de movimento para controlar o volume e a altura do som através do livre movimento das mãos.


1928/1929 – Invenção do Ondas Martenot, de Maurice Martenot, desenvolvido para reproduzir sons microtonais, presentes na música hindu. Em seguida, invenção dos instrumentos polifônicos como o Givelet e o Órgão Hammond (de Laurens Hammond), este ultimo baseado no telarmônio e outras tecnologias como as primeiras unidades de reverberação (reflexão múltipla de uma frequência). O trautônio, instrumento feito de um fio resistor sobre placa de metal para gerar som, de Friedrich Trawtwein, Berlim.


1910/1914 – Luigi Russolo propôs a composição musical através de fontes sonoras do meio ambiente, na busca da variedade infinita dos ruídos, em The Art Of Noises. Assim, nasce o Intonarumori, um instrumento produtor de ruído, no contexto do movimento futurista, em Paris.
Edgard Varèse, compositor francês, foi pioneiro na ruptura com o Conservatório de Paris, ao explorar novos conceitos de expressão musical em que sua técnica de instrumentação usava fontes eletrônicas, via instrumentos componentes de massas sonoras de diferentes timbres, densidades e volumes.


1930 – Aumento de novos trabalhos utilizando esses e outros instrumentos eletrônicos e avanços nos sistemas de gravação, em que a gravação feita em suporte magnético era mais eficaz que a óptica.


1935 – Invenção do magnetofone, na Alemanha, com fitas plásticas impregnadas de partículas de ferro.


Até 1945 – Desenvolvimento na concepção de som musical, interesse pela acústica, fundamentais para a expansão no corpo da música eletrônica.


1946 – O ENIAC, o primeiro computador digital eletrônico de grande escala inventado, momento que em Paris e na Polônia se consolidaram duas vertentes da música eletroacústica, a música concreta e a Elektroniche Music, até durante toda a segunda metade do séc. XX.


1948/1949 – É apresentada a peça Etude aux chemins de fer e Variations Sur une flûte mexicaine, obras da música concreta. A vertente provêm de um grupo francês por iniciativa de Pierre Schaeffe, engenheiro eletrotécnico, criador do conceito desta linha musical, que parte da gravação e transformação em estúdio de objetos sonoros (do ambiente e instrumentos musicais) sem a utilização de instrumentos eletrônicos. Foram eles que lançaram as primeiras mixagens.
A Rádio de Colónia foi pioneira na criação de estúdio de música eletrônica na Alemanha.


1952 – Acontecem as primeiras experiências musicais apresentadas em Paris com a utilização de técnicas de serialismo integral, em que os processos de composição seriais impulsionaram a síntese eletrônica, via poder de manipulação individual de cada uma das propriedades dos sons.


1958 – Com o compositor Pierre Henry e o engenheiro Jacques Poullin, o Groupe de Recherches Musicales, surgiram as primeiras composições satisfatórias, Symphonie por un homme seul, primeira sinfonia de música concreta e a Ópera Ohpheér 51, esta ultima com os aparelhos Morphophone e Phonogènes, operantes com gravação em fita magnética.

Até 1960 – A música de instrumentos acústicos gravados, em que as gravações podem ser manipuladas, combinadas e montadas e superpostas, definem a música eletroacústica.


1963/1964 – Surge o primeiro sintetizador, o Buchla, do compositor Morton Subotnick. Em seguida, Robert Moog, criou outro sintetizador, o primeiro a usar teclado ao estilo de piano. A partir de 60, a música eletrônica foi adotada pela cultura popular, em que a música de sintetizador passou a ser usada por muitos músicos e bandas, como os Beatles, The Silver Apples e Pink Floyd, entre gêneros como o Jazz e o Rock.


1966 – Publicação do trabalho Traité des objets musicaux, de Schaeffer, que estabeleceu 33 critérios de classificação divididos pelas três dimensões fundamentais do fenômeno sonoro, os planos harmônico, dinâmico e melódico, com 54 mil combinações diferentes. Na proporção em que técnicas de processamento eletrônico passavam a ser aceitas, a música concreta perdia atenção. Então, Schaeffer mudou para uma estrutura mais universal, experiences musicales, o que permitiu aproximação com o conceito de Elektronische Musik.
A partir de 1970 – O estilo eletrônico foi revolucionado pela banda Krafwerk, que usou a eletrônica e a robótica para simbolizar a alienação do mundo em relação à tecnologia. Pianistas de Jazz como Herbie Hancock, Chick Corea, Joe Zawinul e Jan Hammer, começaram a usar os sintetizadores em gravações de jazz fusion.


1979/1980 – O sampler é um equipamento que armazena sons em formato WAV em memória digital que depois os reproduz um a um ou de forma conjunta. Os samplers passaram a ser desenvolvidos e aprimorados para se tornarem acessíveis aos músicos, ao mesmo tempo em que a música eletrônica se difundia com a facilidade dos computadores pessoais. Estes que possibilitaram emular a as funcionalidades de instrumentos musicais e sintetizadores via criação, manipulação e apresentação virtual de som. Assim, surgiu o MIDI, capaz de controlar e sincronizar informações de áudio entre dispositivos como teclados, sintetizadores e processadores de som, como um protocolo de comunicações.
Fonte de Pesquisa: Wikipédia