quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A posição da pirâmide pode mudar o jornalismo

Poeta, jornalista , de espírio político e defensor 

das idéias marxistas, Adelmo supõe a 
edificação da liberdade humana 
com o desenvolvimento do jornalismo.
 Um estudo feito pelo marxista, Adelmo Genro Filho, aponta um novo modo de enxergar e construir um fato noticioso a partir da realidade

Por Anna Karenina Vieira 4085/BA


Vinte e cinco anos se passaram após a publicação do livro “O segredo da pirâmide – para uma teoria marxista do jornalismo” de Adelmo Genro Filho, e a obra é considerada ainda hoje um ícone dentro dos conteúdos teóricos nos cursos de comunicação. Por possuir um caráter crítico sobre à produção do lead (a primeira parte de uma notícia), a tese dissertativa de mestrado que resultou em livro, revigora os significados de mundo na apreensão de um acontecimento – este, dentro de um contexto singular, particular e universal – no fazer jornalístico.
Para compreender a idéia do autor, é preciso um entendimento sobre um todo que interliga as partículas de uma realidade. Ao que se diz universal, compõem-se os fenômenos singulares e particulares. O singular através da identidade real participa o particular e o universal como fênomenos integrantes; e “o particular é um ponto intermediário entre os extremos, sendo também uma realidade dinâmica e efetiva”, explica Adelmo.
O autor constrói a idéia de que o jornalismo é uma nova forma social de conhecimento que se distingue e complementa a ciência e a arte na compreensão do mundo humano. “O jornalismo se efetiva não na universalidade, e sim de modo singular em meio a um processo capitalista”, salienta. Ou seja, o jornalismo é feito não de uma amplitude genérica que constitui um fato, mas de detalhes únicos que se destacam num todo.

 É neste ponto que critica o estigma da pirâmide como invertida e o lead da notícia, que tratam um fato de maneira ampla para atingir gradualmente uma forma mais restrita. A crítica levantada insinua que as formulações genéricas são incapazes de reproduzir os alcances singulares do acontecimento, pois “o essencial é invisível aos olhos”, reflete. Deixar a pirâmide com a sua base no chão, requer, o que o autor chama de singular, ocupe o vértice da pirâmide e o particular a base. No livro, o lead é a reprodução resumida da  experiência única e individual, o que caracteriza um aspecto importante dentro da notícia.
Ao explicar teorias que vêem os meios de comunicação como meros reprodutores das ideologias dominantes e capitalistas, a perspectiva marxista apresenta o jornalismo também como um instrumento que expressa as contradições que compõem a própria ideologia ao ter de respeitar a hierarquia objetiva dos acontecimentos.
Severamente, o livro também critica o tecnicismo da ação jornalística que não transcende para uma reflexão sobre a prática. O modo de produzir a notícia, segundo Adelmo, não revela a natureza do jornalismo.


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