Em 19.06.2012
A VIII Olimpíada das APAES da Bahia, sediadaem Ilhéus nesta ultima semana, foi exemplo de cidadania pela cultura de inclusão ao esporte, através da participação de mais de 300 apaeanos de 16 cidades baianas em várias modalidades.
Por Anna Karenina Vieira - 4085.BA
annakvieira@yahoo.com.br
“Queremos uma
igualdade que não reconheça as diferenças, e uma diferença que não produza desigualdades. A diferença pede respeito, tolerância e muito amor. Anormal é
quem não percebeu o significado da palavra amar. A diferença pede licença e
pede caminho. Abra, e você verá aonde ela é capaz de chegar”, essa fala marcou
um dos discursos de abertura da VIII Olimpíada das APAES da Bahia, de 14 a 17
de junho. A fanfarra dos Guerreiros da Bahia, do Colégio Paulo Américo, alargou
caminho na Avenida Soares Lopes, em alto e bom som, da Praça Castro Alves ao
Ginásio, abriu-se oficialmente o evento, para passarem os verdadeiros
protagonistas, os apaenos. O Ginásio de Esportes Herval Soledade, em Ilhéus,
14, estava repleto de jovens, adultos, atletas, professores, agentes sociais,
profissionais, representações da Polícia Militar, capoeiristas, todos juntos em
prol desta realização da APAE de Ilhéus juntamente com a Federação
Estadual das APAES e contou com apoio da Superintendência dos Desportos do
Estado da Bahia – Sudesb.
“Estou muito feliz de estar aqui hoje,
é muito bom participar desse evento”, garantiu o jovem Gilvanio Alves de
Castro, da delegação de Guanambi. De acordo com o presidente da Federação das
APAES da Bahia, Derval Freire, a maior importância do evento é a integração do
pessoal motivada pela relação de confiança com os alunos, e acrescenta, “amor é
a palavra que pode traduzir tudo o que eles fazem. É isso o que dá energia a
essas crianças, amor a si próprio e ao outro, é o que podemos entender disso”.
O Coordenador Técnico da APAE de Salvador, Silvio Santos, explica, “nós
acreditamos na possibilidade de oferecer aos alunos com deficiência intelectual
momentos de superação, de conquistas, prazer, envolvimento e de aconchego”.
A
cantora Chica de Cidra cantou brilhantemente o Hino Nacional junto com o músico
tecladista Dante Valadares, no tempo em que algumas falas trouxerem a tônica
desse importante acontecimento social, tendo como mestre de cerimônia, Dr.
Josevandro Nascimento. Para a Presidente da APAE de Ilhéus e organizadora,
Socorro Pastor, “essa conquista mostra que ainda existe respeito pelo ser
humano, respeito à diversidade e a diferença, apesar de que ainda existem
muitas pessoas que não têm a sensibilidade necessária para respeitar o
outro. Na VIII Olimpíada das APAES vivenciamos juntos, verdadeiros momentos de
superação de limites, capacidade e garra”.
De acordo com o Coordenador de Educação
Física de Esporte e Lazer da APAE de Vitória da Conquista, atuante há 12 anos,
Paulo Gonçalves, “em nenhum outro lugar eu iria encontrar essa representação
dos seres humanos, do amor e da conciliação, sobretudo, do modo em que podem
exercer suas funções vitais da melhor maneira possível, sem discriminação, sem
barreiras arquitetônicas e sem principalmente a desconfiança dos outros. Esse
milênio é o milênio da mudança, de respeito à habilidade e principalmente da
diversidade humana. Pela oitava vez na Bahia a Olimpíada da APAE celebra a
união”.
O Ilmo. Sr. Major Riccio da Polícia
Militar, do comando regional do Sul da Bahia, que estava presente na abertura,
elogiou a realização e destacou o esporte como uma forte ação social na
juventude no combate às drogas, colocando-se à disposição da APAE para
colaborar no que preciso.
Mediado pela cultura, arte e cidadania do evento, apresentação musical se seguiu com o cantor Ilheense Kekeya, que com a música "Gente", de Jauperi, a letra chamou atenção: "Eu não gosto de gente que gosta um pouquinho, Eu nãogosto de gente fingida, Eu nãogosto de gente que não olha no olho, Gente que reclama da vida, Gente que aperta a mão assim sem apertar, Gente que foge e não encara o olhar, Gente que tem medo, gente que enfraquece, Gente que maltrata, gente que aborrece, Gente que não sabe ser gente, Ô, gente! A gente precisa ser gente, Oxente, a gente precisa de gente, Que abrace, que sorria, Dê a mão, dê alegria, Que abrace, que sorria, Dê a mão, dê alegria, E amor todo dia".
Apresentações de dança dos apaeanos de
Ilhéus, com a professora e educadora física, Vitória Penalva, cativaram a todos
com alegria e carisma. Em seguida, o grupo de Capoeira Negra Raiz se apresentou
em roda com ladainhas, berimbaus, pandeiro, atabaque e axé, onde integrantes de
outras cidades também entraram na roda e jogaram capoeira. Para o professor do
grupo Negra Raiz, Rafael Gomes, “é muito importante iniciativas assim. Ver as
necessidades e o sentimento de superação de cada criança dessa, nos transmite
um ensinamento muito grande. Perceber a capoeira como um desses instrumentos
sociais, mostra que ela é para todos e pode chegar muito além do que
imaginamos, sendo a capoeira uma constante experiência de transformação na vida
de muitos jovens”.
Verdadeiramente, a VIII Olimpíada das
APAES, trouxe um sentimento muito bom de comunhão e cooperativismo social. O
evento contou com o apoio e braços dados de muitas representações da sociedade
ilheense, mobilizadas para esse acontecimento de grande relevância. Entre as
modalidades esportivas, foram realizadas provas de atletismo, capoeira,
futebol, judô, handebol, natação e futsal. De promoção à cidadania e
inclusão, a Olimpíada tem por objetivo a participação, integração e
desenvolvimento esportivo dos alunos. No evento, 16 delegações das APAES de
municípios baianos estiveram presentes, como Camaçari, Canavieiras, Feira de
Santana, Gandu, Guanambi, Ilhéus, Itabuna, Jequié, Juazeiro, Paulo Afonso,
Salvador, Santa Maria da Vitória, São Francisco do Conde, Valente e Vitória da
Conquista.
Até o final desta semana sai a relação
dos apaeanos selecionados para a XX Olimpíada Nacional das APAES, que será em
Maringá-PR, em novembro.